Farroupilhas tomam Porto Alegre – Presidente foge.
Na estância de José Gomes Vasconcelos Jardim, quando a primavera já se anunciava, em Pedras Brancas, Guaíba (então pertencente ao município de Triunfo/RS), e os passantes avistavam pessoas e movimentos estranhos desde os primeiros dias de setembro de 1835.
Pudera! No cenário de Pedras Brancas agora podiam ser vistos, embora discretamente, Bento Gonçalves da Silva, Onofre Pires o anfitrião Gomes Jardim e outros companheiros destes, infrequentes no dia a dia, da estância. Porém, diante da forma dissimulada do grupo, a presença passou quase despercebida, embora o grupo estive encenando a invasão de Porto Alegre, determinada para o dia 20 de Setembro.
Efetivamente, na madrugada de 20 de Setembro de 1835, um grupo de cavaleiros tomou Porto Alegre! A população teve ciência de que se tratava de um grupo revolucionário, insatisfeito com as condições da Província.
Antesmesmo do despertar do dia, um grupo de idealistas libertários, sonhando com mensagens de novos trinares, invadiu a Capital da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, para apear do “trono” o Presidente Antônio Rodrigues Fernandes Braga, sob os auspícios de seu despotismo e o total abandono do Rio Grande, na ótica dos revolucionários, considerando, principalmente, que o Governo Imperial deixou de cumprir com a indenização de guerra, derivada da defesa das fronteiras, nas lutas contra invasores.
A tomada de Porto Alegre pelo grupo rebelde ocorreu sem maiores dificuldades, e o então Presidente tratou de fugir sem combater, retirando-se para a costa marítima na cidade de Rio Grande.
Os sulistas travavam constantes batalhas contra invasores platinos, promovendo a defesa do Império, sustentadas por eles, milicianos sulinos, sem que o Imperador honrasse com o pagamento das indenizações de guerra, escasseando os campos de gados e os bocós dos estancieiros das patacas.
Considerada ainda, ter o governo imperial aumentado a taxação do carro chefe da economia da Província – o charque -! Aliado a ele, o couro. A carne seca (charque) era exportado para outras províncias, dentre elas, o Ceará. Com a sobretaxação do charque local, este perdeu a competitividade com o platino, além disso, a questão da falta de recursos dos estancieiros, fruto das mencionadas guerras, escasseando campos e bocós das guaiacas.
A gente sulina também postulava por melhores condições para o transporte da economia, ainda que sobre o lombo de animais, carretas, carroças, as estradas não ofereciam condições de trafegabilidade, prejudicando sobremaneira, o ir e vir dos condutores de produtos e o abastecimento dos estabelecimentos comerciais. Aliado a isso, clamavam por escolas e outras necessidades básicas à vida social.
Texto de Renato Schorr