Proclamação da República Rio-grandense
Com a tomada de Porto Alegre, os revolucionários mantiveram o controle sobre ela e no dia 21 de Setembro, Bento Gonçalves da Silva adentrava altivo pelas ruas empoeiradas da Capital da Província, esta, já sem a presença do então Presidente Antônio Rodrigues Fernandes Braga, numa demonstração forte e convincente dos objetivos dos revoltosos, sequiosos de novos tempos e da implantação dos ideais libertários, em expansão pelo mundo e com a emancipação da colônia espanhola na América, totalmente fracionada em diversos países, servindo-lhes de alimento ao espírito dos insurretos, contra o Império, por igual, espelhados na própria Independência do Brasil.
Avançar era preciso e os astutos sulinos jamais hesitaram, seguindo a caminhada e entre 9 e 11 de setembro, ocorreram alguns embates, dentre eles, o mais exaltado do decênio heróico foi a chamada batalha do Seival, onde a força farroupilha impôs aos imperiais, fragorosa derrota, sob a liderança de um dos maiores expoentes comandantes, o brilhante Antônio de Souza Netto. A vitória permitiu aos rebeldes, implantar o sonho maior: Proclamar a República de Piratini (República Rio-grandense). Nesta batalha João da Silva Tavares, importante comandante imperial, no cenário do período, restou fragorosamente vencido.
Após a batalha que não contou a presença de Bento Gonçalves, considerado chefe dos revolucionários, Netto, deslocou sua tropa para o Passo das Pedras, na margem esquerda do rio Jaguarão, no campo dos Menezes, próximo de Bagé, eufóricos os farroupilhas comemoraram efusivamente, a grande vitória. A ideia da proclamação foi discutida e Netto, entendia que cabia a Bento Gonçalves, decidir pelo futuro. Contudo, convencido pelos companheiros, disse: Os senhores dizem que se não mudam, a forma de governo, não podemos continuar a nos bater com os nossos inimigos hasteando a mesma bandeira, eu aceito a república. Tomem as providências a fim de que ela seja proclamada amanhã, em nosso campo.
Na noite de 10 de Setembro de 1835, data da gloriosa batalha do Seival, Manoel Lucas de Oliveira e Joaquim Pedro Soares, preparam os atos e no romper do dia 11 de setembro de 1835, já com os flecos dourados do Sol, no horizonte, a poeira se levanta nos cascos dos cavalos do piquete do honroso comandante do Seival, ainda que lamentada a ausência de Bento Gonçalves da Silva, é lida a ordem do dia, aclamados os combatentes, exalados vivas a República Rio-grandense, então: ANTÔNIO DE SOUZA NETTO, COM HONRA E GLÓRIA ERGUEU O PAVILHÃO DA REPÚBLICA RIO-GRANDENSE! Cujo lema contempla até os dias atuais – Liberdade, Igualdade, Humanidade!
Quadro da Proclamação da República Rio-Grandense
Pintura de Antônio Pereira
Texto de Renato Schorr